Os incêndios e a perda da biodiversidade
“Sistema de informação europeu indica
que área ardida em Portugal ultrapassa 500 mil hectares. Não há dados oficiais,
mas 2017 terá sido o pior ano de sempre. No domingo ardeu mais do que num ano.”
(Observador, 18/10/2017)
TIAGO PETINGA/LUSA
Ao ler Wilson, E.O. (1988) "The current state
of biological diversity" In Biodiversity proposto como material para a
disciplina despertou-se a atenção a relação entre a destruição das florestas
tropicais e a perda de biodiversidade. Esta questão levou-me a refletir sobre
a recente destruição da nossa floresta provocada pelos incêndios e as
consequências para a biodiversidade existente em Portugal. E se poderão estes
incêndios comprometer de forma significativa e irreversível o nosso património
natural. Provavelmente não serão só as tão lamentadas vidas humanas que se perderam.
Cara Isabel,
ResponderEliminarNão tenho dúvidas que os episódios recentes e dramáticos de incêndios que ocorreram em Portugal, igualmente todos os anos aqui no Brasil, geram perdas inestimáveis à biodiversidade. Em Millennium Ecosystem Assessment (2005) foi observado que a biodiversidade é essencial para os serviços ecossistêmicos e para o bem-estar humano. A biodiversidade vai além do provisionamento de bem-estar material e meios de subsistência para incluir segurança, resiliência, relações sociais, saúde e liberdades e escolhas. Assim, os incêndios florestais são uma preocupação latente, bem como a perda da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos perdidos com a cobertura vegetal atingida.
Grande Abraço. Natalia
Olá Isabel.
ResponderEliminarUm dos grandes problemas da nossa floresta resulta no excesso de combustível que se vai acumulando ao longo dos tempos sem que haja qualquer gestão dessa biomassa acumulada.
É sabido que com combustível reduzido os incêndios terão grande dificuldade em progredir, pelo que não vejo outra saída para esta catástrofe que não passe pela implementação desta medida simples de gestão de combustíveis em locais específicos, dando cumprimento ao legalmente estipulado.
Sei que implica acima de tudo uma mudança de mentalidades e entendimento quanto à politica florestal passando esta a ser entendida como um objetivo estratégico nacional.
Não tenho dúvida que os incêndios florestais tem solução.
Jorge Antunes.
Isabel,
ResponderEliminarno caso das florestas tropicais o problema é mais grave, pois o solo em si é extremamente pobre (a grande parte dos componentes biológicos e das funções ecossistémicas ocorrem acima do solo na canópia) pelo que após a destruição da floresta dificilmente esta poderá voltar a regenerar-se ....
De certo modo é o que se verificou com as vegetação climáx mediterrânica, a qual ainda subsiste nalguns locais (ex. serra da Arrábida) mas que, de um modo geral, quando destruídas por ação antropogénica ex. fogos, pastoreio, destruição de habitats por fogos, pastoreio, introdução de espécies exóticas invasoras ... dificilmente voltam ao estado climáx, devido também ao tipo de solo e clima mediterrânicos, que resultam num solo pobre muito lixiviado. Uma diferença é que a vegetação mediterrânica terá "evoluído com o fogo", i.e. grande parte das espécies regeneraram rapidamente após o fogo ... e nalguns casos as espécies vegetais necessitam de fogo para a produção de sementes ... e ainda noutros casos produzem mais sementes após um fogo do que sem fogo.
Contudo no norte de Portugal a vegetação é diferente ... e temos tido há muito tempo monoculturas inflamáveis, algumas não adaptadas ao fogo ...
Ou seja acredito que o património natural vai ficar comprometido de forma significativa ... durante muito tempo - em particular devido às alterações de clima que têm ocorrido e que se espera infelizmente que venham a acorrer ... Há de facto que agir ... ainda não é bem certo como ...
Até breve, Paula Nicolau